16 de dez. de 2019

Férias (de mim)

Estou de férias da faculdade e, olha, o que eu quero mesmo é tirar férias de mim, dar um tempo de mim mesmo. O vazio não é o problema, a verdadeira pedra sou eu mesmo, as minhas decisões baseadas em "vieses cognitivos"(Google) que resultaram em quem (no que sou) sou hoje, um perdedor em muitos aspectos.
Não quero me matar, mas o problema é que pessoas fracassadas costumam se enganar inconscientemente, o cérebro cria versões alternativas em que somos vencedores e gera uma superioridade infantil. Insights burros de grandeza (pareço um bolsominion neoliberalóide).
"Há tanta beleza  no mundo
Eu só queria enxergar
Por isso eu me entrego
A esse imediatismo cego
Pronta pro mundo acabar".
"O mundo acaba hoje e eu estarei dançando
O mundo acaba hoje e eu estarei dançando
O mundo acaba hoje e eu estarei dançando".
[Agridoce - Dançando]
Às vezes a gente esquece que apenas uma parcela se dá bem, a outra vai pela vala da sociedade, falha, é ridicularizada, rejeitada, e nada do meteoro cair. De tantos desencontros e vacilos que levo e quando tento contar com alguém, essa pessoa fala algo genérico "ah, tenha paciência", "ah, o tempo resolve", não, não resolvem. Ninguém leva meus sentimentos a sério e depois reclamam porque sou tão calado.

10 de jun. de 2019

Bombordo ou estibordo?

Você é bom em seguir direções? Não sei você, mas eu, bem, eu não. Tenho tido momentos de satisfação recentemente, tenho evoluído socialmente em muitos aspectos, nem acredito que eu tenha conseguido sozinho muitas dessas coisas.
É tão difícil tomar uma decisão atualmente, a depressão tem diminuído recentemente, alguns dos trabalhos na faculdade causaram isso, acabaram ocupando parte da minha mente. Para ser sincero, perdi grande parte da motivação em realizar projetos meus, coisas pessoais, não consigo ter energia para realizá-los. O poço interno das vontades próprios parece estar no último nível.
Há algumas semanas comecei a conhecer uma garota pela internet, ela parece ter gostos semelhantes. Tenho pensado em chamá-la para sair, porém... por que eu a arrastaria para essa caverna?
(Cults - Always Forever)
"You and me always forever
We could stay alone together"
Muitas vezes eu me aproximo da pessoa, depois deixo algumas semanas sem responder, para ver se a outra pessoa se quer manda um "oi", é uma maneira de saber se sentiu falta, se dar-se-á ao "luxo" de aparecer. E quando fica apenas um vácuo, é hora de preparar o cavalo e partir em retirada.
A maior parte das pessoas sente-se só e triste, sendo assim, tentam encontrar alguém para preencher um vazio, é como pegar uma tomada e querer encaixar numa entrada USB. O vazio é nosso, ninguém pode preenchê-lo, e muitas vezes é um vazio com dentes afiados, ele nos corrói por dentro, é um ácido eterno que banha o nosso interior, desce pelo esôfago, se instala no intestino e causa um mal-estar geral cíclico.

22 de mai. de 2019

A depressão já é de casa

Dessa vez a deprê não é passageira, eu sei que deveria procurar ajuda, mas... Sem condições psicológicas e financeiras de fazer isso. Ontem fiquei 24 horas sem comer, nada de fome e náusea tomando por dentro. São os sintomas do desespero quieto. Essa depressão é como aqueles pesadelos em que estamos correndo de alguém, uma ameaça, mas por alguma razão nossas pernas travam ou a gravida se acentua não conseguimos correr, e em câmera lenta o abismo nos engole.
Minhas interações sociais não tem estado ruins, no sentido da prontidão, óbvio que mal abro a boca, mas tenho respondido ao que me perguntam, com meu riso sem som na maioria dos casos.
Não aonde foi parar a minha vontade de fazer as coisas, não sei em que lugar deixei a satisfação, satisfações por tudo que me deixava satisfeito, simplesmente esmoreço dentro de mim.
Eu conheci, pelo instagram, uma garota especial, mas me contive na hora de chamá-la para sair, não quero que ela adentre nas mesmas névoas depressivas. Quando gostamos alguém de verdade, protegemos esse alguém até de nós mesmos.
Estou afundando, cada vez mais e mais, os meus receptores de dopamina praticamente não existem, pena que não há uma loja que venda repositores de dopamina, como a pílula do prazer, só tomar uma e a pessoa fica com satisfação por um tempo.
A minha vida pode ser resumida nos refrões tristonhos de músicas indie.

3 de mai. de 2019

Quando queremos, o corpo não ajuda

Há pouco mais de 2 meses comecei a aprender espanhol sozinho, no Duolingo e outros sites/apps, inclusive de gramática, e com livros em mãos. Tenho extrema facilidade para compreender idiomas, em apenas 2 meses e consigo conversas com nativos, incrível... Mas... Não tão incrível como eu achava.
Não consegui manter o mesmo ritmo na faculdade, acabei ficando com notas na média, geralmente me situo  entre 8 e 10. Estudei espanhol em todos os dias nestes 2 meses, assiduidade incrível (pra mim). Geralmente largo as coisas com apenas alguns dias.
Pensei, talvez, que isso foi como um escape das responsabilidades, o novo idioma serviu como fuga da realidade. E que fuga! (risos de nervoso). Nesta semana, com as notas ruins e péssimo desempenho, percebi que aprender um novo idioma me exauriu, talvez devido à imensa frequência, tal objetivo requer uma energia colossal, principalmente em tão pouco tempo, o cérebro precisa se acostumar e criar novas conexões, isso me causou talvez (Síndrome de Burnout), quando a gente se dedica em muito tempo com algo e deixamos outras áreas da vida pendentes, a mente não percebe, mas o corpo e a parte física do cérebro ficam exauridos, isso gera fadiga excessiva que leva a muitos problemas, desequilíbrios, depressão etc.
Isso aconteceu, infelizmente, o cérebro é tão limitado, pensei que poderia fazer isso, manter a faculdade, outras tarefas da vida pessoal e profissional tranquilos. Porém isso não aconteceu, a ansiedade social voltou... Eu não sei o que fazer, mas parei em espanhol pelas próximas semanas.

18 de nov. de 2018

"Intrapsíquico para interpsíquico" invertendo Vygotsky

Péssima notícia! Eu não sei porquê não estou conseguindo interagir como antes, as pessoas falam comigo, interagem, eu não consigo esboçar nada, nem resposta nem feição social que acompanhe. Simplesmente não consigo desenvolver uma resposta.
Por que? Por que é tão difícil? Por que não sou normal como as outras pessoas que já nascem sabendo interagir? O que que eu fiz? Por que sou assim tão diferente?

São 3 horas da madrugada, nem chorar direito consigo mais, eu deveria ter morrido na adolescência, a faca e a corda. Mas não fiz, poderia ter me livrado de todo esse fardo, mas não, estou aqui tropeçando em cada passo, afundando em cada piso das calçadas, esbarrando em cada ombro. Não sei quem sou nem o que sou, ou melhor, se sou algo. Não sou nada nem ninguém. Sou um peso morto, apenas, na vida de alguém. Sem razão.

24 de set. de 2018

Por Enquanto (e não é a música da Legião Urbana)

Sou o tipo de pessoa que costuma rir de situações sérias, podem arrancar a minha perna e poderei soltar uma gargalhada monstra (também não é para tanto).
Não sei o que está acontecendo, tenho pegado uma "aversão social", apesar de não ter tido problemas como antes tinha, a fobia social diminuiu. Porém, só de saber que terei que sair de casa, já me causa um pesar horrível nos ombros, é um peso imensurável e que consome também a alma. É como se a gravidade me destroçasse de tão próximo do centro do planeta, quanto mais próximo do centro de grandes objetos do Universo, a pressão é tão grande sobre um corpo que o esmaga.
Então, é assim que me sinto ao perceber que terei que abrir a porta de casa no próximo dia, ainda bem que a faculdade é à noite, assim facilita, é no escuro, e a noite é mais tranquila, isso ajuda. mas pelo dia. Os animais na floresta são sortudos, tirando a parte dos caçadores e da cadeia alimentar, mas queria ser o gavião, está no topo(quando um humano não o acerta), mas vive mais isolado, e estou cercado de humanos, então...

Sou tão nerd, tão inteligente, mas sou tão desastrado, vivo em outra "realidade", as motivações são distintas das outras pessoas, os modos, as manias, os pensamentos, a frequência, o jeito de andar, de falar, de interagir.

"Viver, e não ter a vergonha de ser feliz / Cantar e cantar e cantar / E a beleza de ser um eterno aprendiz / Eu sei que a vida devia ser bem melhor (e será?)..."
Não gosto de pessoas que certificam o futuro, ninguém esteve, não dá para confirmar, a probabilidade é de:

"Ainda é cedo amor / Mal começastes a conhecer a vida / Já anuncias a hora da partida / Sem saber o rumo que irás tomar [...] Ouças-me bem amor / Preste atenção / O mundo é um moinho / Vai triturar teus sonhos tão mesquinhos/ [...] Abismo que cavastes com teus pés."

Procrastinação é minha palavra e Paradoxo minha segunda, estas me arrastam, e:
"Meu partido, é um coração partido / E as ilusões estão todas perdidas / Os meus sonhos foram todos vendidos / Tão barato que eu nem acredito/ [...] Eu vou pagar a conta do analista / Pra nunca mais saber quem eu sou."

17 de jun. de 2018

Amigos(as)?

Não é novidade que uso o blog apenas para expor os problemas da minha vida, há tanta coisa boa e alegre, talvez não tanta (estou exagerando), mas enfim...
Durante este semestre (que já está no fim) as pessoas que sentam-se próximas de mim costumavam ser boas, sempre foram gentis, me incluíam, compravam coisas para mim, tipo lanches, mesmo eu rejeitando, mas faziam questão que eu aceitasse.
Uma professora falou sobre a prova que seria em dupla, quando ela concluiu a frase (assim que fechou a boca) metade da sala olhou para mim querendo fazer comigo, eu sou aquele nerd quieto que sempre responde as perguntas sobre livros, me destaco na disciplina dela... Putzz! E agora?! Se eu escolher uma pessoa, a outra ficará chateada. Neste semestre me aproximei de uma garota (*Milly), ela e eu nos damos bem, ela é gentil e muito educada. Escolhi fazer com Milly, foi a primeira pessoa a me chamar e também por eu ter uma quedinha por ela, não nego, mas sou livre para escolher quem eu quiser.
O problema é que, há muita gente precisando de nota, queriam fazer com o nerd (mi persona), quando souberam ou quando falei que iria fazer com Milly, começaram a agir estranhamente comigo, se afastaram, não gostaram. Interessante, não é gentileza fazer algo gentil para alguém esperando algo em troca, isso é no mínimo manipulação. Me falaram que sou ingênuo por fazer com ela, mas não sou obrigado a escolher fazer com quem quer me usar para tirar notas altas e se recuperar, e se não conseguirem a culpa será minha, não lido bem com responsabilidades assim. Não estudaram e querem se escorar em mim, nem sei se farei uma boa prova, mas estou estudando.
Essas pessoas se afastaram, já me olham diferente na sala e nos corredores. Ainda bem que não dependo de opinião alheia ou de amizades para a autoestima, me incluam ou excluam, não fará diferença no meu Eu (ideal-de-eu freudiano) interior e exterior.
Essa é umas razões pelas quais vivo distante, sou muito analítico socialmente, não deixo que se aproximem facilmente, evito criar vínculos, isso ajuda a evitar decepções, ajudou.
Entretanto, isso é algo que se repete desde que eu era criança, se aproximam de mim apenas desejando coisas em troca. Isso é foda! Porém, não sou exatamente o mesmo *W, não sou tão trouxa. A propósito, não estou fazendo a dupla com ela apenas esperando algo em troca (ficar com ela), até porque foi ela quem me chamou e não o contrário, eu iria fazer com outra pessoa, (que não havia ido no dia). E não vou utilizar isso por intermédio para tentar algo com ela, bem antes disso já pretendo conversar com ela abertamente.
A Arte da Conquista (2011)

16 de mar. de 2018

No Pain No Aim

A pior dor não é a da perda, o que dói não é a morte.

We were running somewhere in the dark
Thought the youth will last forever
You're the one will always in my heart
There is nothing could be better
We could speak without any words
You would hear that I was breathing
And we thought that there is nothing worse
To lose the faith and don't believe in
But now the feelings gone
We don't know why that it's hard to be together
\n Oh how we wasted love
I spent the years and tried to forget it
I spent the years and tried to forget it
I spent the years and tried to
I spent the years and tried to forget it
But I can't

A pior dor é a de nunca ter se encontrado, o que dói é a vida.

É ter que respirar sem sentir o ar.
É pensar sem saber no que pensar.
É sentir sem saber o que se sente.

28 de fev. de 2018

Ócuo e inócuo

Há mais ou menos um ano, com influências mais anteriores, venho sendo mais racional e resiliente. Diminuir meus níveis de sensibilidades e de empatia que eram altos, me tornei mais lógico. O problema é que, mesmo sabendo que deve haver um equilíbrio sobre Razão e Emoção, e de procurar, atualmente, mais sensibilidade, ainda assim, prefiro a vida lógica e racional.
Não por querer, mas por espontaneidade, é do inconsciente eu não procurar sentimentos, me sinto sem "Eu", sou só um ser humano androide, sem personalidade, gostos, prazeres, estou "morto", mas há o corpo ainda como objeto.
Arrow(5ª temporada)


E ando acompanhado de tantas paranoias, muitas vezes as pessoas não sentam ao meu lado nos transportes públicos, não respondem nas redes, me ignoram, é como se eu fosse um ET, uma pessoa louca, com problemas psicológicos que todos querem tomar distância, mas às vezes há pessoas boas que me incluem. Mas não ligo para quem gosta ou não, toco o famoso FODA-SE. É como se as pessoas fossem boas comigo só por condescendência ou por quererem algo em troca.

Ando tão sem um "eu", o que é um Eu? Uma das várias possibilidades de se existir? Um alguém ficcional, sendo que você também pode optar por ser outra pessoa, ou tipo... Eu preciso de um Eu para viver? Posso viver sendo vários Eus? Posso escolher optar por quais utilizarei? Um ser fragmentado? (Filme: Fragmentado - 2016).
Andando na rua, é como se eu não sentisse mais as pernas, havia superado isso, mas voltou. Não consigo diferenciar o que é real do que não, mas vou seguindo as pistas da existência, assim facilita e consigo me situar no mundo, mesmo me sentindo "fora" como um ser que está e não está ao mesmo tempo. Um ser fantasmagórico. Às vezes acho que morri, mas sei que não, porém, talvez, já deveria ter morrido, teria evitado tantas coisas.
Só estou vivo por conta da minha família, só isso, mas por mim, nem ligo. Vou foder a minha vida até não sobrar nada, vou arrumar um emprego, ter vida independente e foder toda essa existência, e ninguém, ninguém vai me criticar ou meter o dedo na minha vida, ela é minha e eu farei o que eu quiser, o que EEEEUU quiser.

12 de dez. de 2017

Interação

Desde que eu nasci que não me encaixo, não que eu sinta necessidade, aprendi a focar mais na minha existência, nas minhas coisas. O que me fez fechar-me ainda mais para o mundo externo. Meio que estou preso em mim (risos) => everybody is stuck.
Nasci sem saber socializar, até hoje tenho dificuldades de interação, não sei interpretar ou reagir em boa parte das transitoriedades que me circundam. É comum eu passar despercebido, coisas que as outras pessoas notam socialmente, já eu estou perdido nos meus pensamentos e nem saco as coisas ao redor. Sim, Adele, sou um Daydreamer! (Risos).
Minha família não compreende, me veem sozinho, sem amigos nem interações sociais, mas eu não tenho culpa de ter nascido assim. Eu sei que é preocupação de família, mas esse é o meu mundo, vagando sozinho. Me fechei para as paixões, até sinto vez ou outra algum amor por alguma alma que vaga por mim, mas sigo em frente, everybody hurts, R.E.M. => but not me.
"Just relax
Time will pass
When you let it go
Sifting through your sorrows
Won't you get anywhere

I don't want to let a moment pass
RUNNING CIRCLES IN MY MIND
Circles in my mind"
(No Vacation - Mind Fields "Campos Mentais")



Não sei o que acontecerá, não procuro um lugar, mas vejo todas as pessoas casando-se por aqui, não quero ficar sozinho no meio das outras pessoas. É melhor ficar sozinho estando sozinho. Assim não aparecem as ideias e o sentimento de solidão que é automático ao ver tanta gente formando família, e você, tõ peculiar ali como intruso no meio. Melhor pairar por aí!
Curtir a própria existência, comprar livros que nunca irá ler, só paginar, ler mangás o dia inteiro, comer pipoca na rua em um banco sozinho em uma praça dando milho aos pássaros! 😊

9 de fev. de 2017

Senso da Libertinagem

O que nos prende aqui? Regras, leis, moral, ética? Viver a natureza, sem prejudicar ninguém, simplesmente aproveitando o máximo, não exteriormente como Jim Morrison, que viveu seu máximo, poucos seres humanos atingiram a própria essência como ele, porém exagerou demais.
Os "politicamente corretos demais", geralmente, estragam o mundo e a vivência, devemos fazer o que bem entendemos, ir acampar à noite sozinho ou em grupo, fazer uma fogueira e brincar como nossos ancestrais em rituais em volta da fogueira.

"Asfixia

Os animais não se arrependem
Expostas pelas minhas necessidades egoístas
Eu sufoco
Estou desperdiçando meus dias como desperdicei minhas noites
E desperdicei minha juventude
Você está esperando por algo você tem esperado em vão
Porque não há nada para você, asfixia"
Cada pessoa deve ser livre para fazer o que quiser, desde que respeite o espaço das outras pessoas, se quisermos nos acabar em algo, devemos fazer com gozo, zelo, sem culpa e sem arrependimentos, se quisermos morrer, também devemos ser livres para decidir nosso próprio destino, isso é liberdade, ninguém deve ser obrigado a viver em um inferno só por causa dos outros.
Não devemos pedir desculpa por sermos quem(o que) somos, nossa loucura, nossa sanidade. Só nós sabemos o que se passa cá dentro!
Referências: Into The Wild, Walden (A Vida Nos Bosques), Existencialismo de Sartre "o homem está condenado a ser livre", Niilismo, Ultrarromantismo XIX (Segunda Geração) > Lord Byron e Goethe.

8 de jan. de 2017

Lápide Vazia

Não importa a quantidade de amigos, as qualidades deles(as), quantas partes de grupos que achei que levaria a vida inteira, sabe? Gente fazendo parte da minha vida, aquela inocência de achar que as amizades, as brincadeiras, a própria estabilidade, virar adulto e realizar seus sonhos, conquistar seu espaço ness(t)e mundo, ser só mais um nome em uma lápide.
"Se me perco, por favor, não me encontre/
Se eu me afogar, deixe-me afundar"
Mas aí chega as responsabilidades, quanto mais tenta, mais se decepciona, não há mais ninguém lá, você está só, todos se distanciaram, você acaba sendo uma pessoa "deixada", e com seus transtornos sozinha, a cabeça dói imensuravelmente, o vento vazio e dolorido a roçar a pele. Só restando a solidão e as lágrimas. Ninguém gosta de você, e só resta viver uma vida fracassada, de sonhos destruídos por você e por essa sociedade esdruxula, é um vazio e solidão que liberta e ao mesmo tempo lhe soca em todos os músculos, até socar também a alma, e você não pode fazer nada, não há ninguém para lhe defender e nem você pode se defender por si.
É uma briga eterna e diária, você só perde, nem empata nem ganha. É viver morrendo diariamente até... Só restar uma lápide vazia, ninguém visita, ninguém se quer deixa flores, nada cresce no seu túmulo. A vida não é um palco, é o pós-vida em toda vida até não haver mais após, nem vida.

23 de dez. de 2016

Lições de Motim, Dona Cotinha

"Viver sozinho vicia. Chega uma hora que gente incomoda. Dá uma espécie de gastura, e é essa gastura o primeiro passo para a solidão. É claro, só gosta de solidão quem nasceu pra ser solitário. Só o solitário gosta de solidão. Quem vive só e não gosta de solidão não é um solitário, é só um desacompanhado.

(Elizabethtown, Orlando Bloom e Kirsten Dunst)

Solidão é vocação, besta de quem pensa que é sina. Por isso, tem que ser valorizada. E não é qualquer um que pode ser solitário não. É preciso ter competência pra isso. Pra viver bem com a solidão temos de ser proprietários dela e não inquilinos. Quem é inquilino da solidão, não passa de um abandonado. Não é que eu não goste de gente, eu não suporto é ser usuário, o que é bem diferente. Minha solidão tem um nome: renúncia.
Eu renunciei ao gênero humano. É simples e só. Perdi a crença nas pessoas. O certo é que eu sou um descreste de gente, só isso. Tirei as pessoas da minha vida, como tirei o açúcar de minha diabete. Minha solidão é medicinal."
Dona Cotinha na peça Lições de Motim